SEU AZEITEIRO!...
O homem nem sabia onde se meter. Esconder-se atrás das réstias de cebola,
ou das ramagens do feijão-verde, era uma boa hipótese. Porque a mulher, vestida
de preto e de chapéu à mexicana, berrava em silvos esganiçados:
− Seu azeiteiro!...
Parei, não pelo espalhafato, mas pela força da expressão. Azeiteiro?
Mas nesta região nem há oliveiras… E a que propósito seria o raio do homem uma
galheta, ou uma embarcação? Aqui nem há baleias…
− Ó amigo, aquilo é que são dois! – Gargalhou um velhote barbudo ao
meu lado.
− Eu dou-te o troco, seu azeiteiro! Anda cá que eu dou-te o troco!...
E percebi. Azeiteiro era o adjetivo preferido da mulher, que, de
bigode na venta, continuava a insultá-lo. Que lhe teria dito ou feito o pobre
homem?
Acenei ao velhote de barbas, sorri-lhe e ainda lhe ouvi:
− Aquela está com os azeites! – E voltou a gargalhar.
Continuei o meu caminho, pensando em lagares e em líquidos viscosos a
propósito de algumas locuções interjetivas que nem do cheiro das olivas se
constituem.
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