quinta-feira, novembro 30

HÁ 227143 PORTUGUESES À ESPERA DE CIRURGIA

Sempre que leio estatísticas "portuguesas" fico aterrado. Partindo do princípio de que a natalidade se encaminha para perto do zero, qualquer dia Portugal não tem população. Pelo menos, é o que dizem as estatísticas. Nas estradas, morrem todos os anos milhares. Por causa do tabaco, aí outros milhares vão de vela brevemente. O álcool, esse maldito, também mata de enxurrada. As doenças crónicas são em Portugal um mal terrível. Não admira que estejam à espera de cirurgia 227.143 portugueses. Leram bem: 227.143! Dado que os hospitais estão a fechar, dado que os médicos estão a reduzir, dado que o bago para os intrumentos está em cataplasma, não nos admiremos que, dentro de pouco tempo, estejamos todos à espera de cirurgia.
*** Pensando bem, talvez esta seja a fórmula ideal para equilibrar as finanças. Ora cogitem!...

terça-feira, novembro 28

FLEXI-QUÊ?

O "Diário Económico" noticia hoje que o Governo pretende adoptar em Portugal o modelo da chamada flexi-segurança — que facilita despedimentos, flexibiliza horários de trabalho e reforça a protecção social. Em Portugal, qualquer modelo facilita despedimentos ou flexibiliza horários. Neste momento, que dificuldade há em despedir? É só carregar no botãozinho da inteligência e pimba. Flexibilizar horários? O nosso país é tão flexível, tão flexível, que só por isso ainda não partiu. Quanto ao reforço da protecção social, só podem estar a gozar com o pagode.

segunda-feira, novembro 27

SEM COMENTÁRIOS

Universidades públicas sem dinheiro para pagar subsídio de Natal. E "prontos"...

sábado, novembro 25

QUANDO PROMETER É FAZER...

Há um livro muito interessante, de Oswald Ducrot, com o título Quand dire c’est faire. Quando dizer é fazer. Lembrei-me dele ao ler no Globo brasileiro que Lula promete um segundo mandato mais ousado e com menos sacrifícios. Os brasileiros, tal como os portugueses, conhecem de cor e salteado a palavra “sacrifício”, sentem-se, aliás, quotidianamente imolados em todas as aras do mundo, que parecem falar apenas em português. E lembrei-me de Ducrot por causa daquele verbo prometer. Quando um político promete, ele está já fazendo, porque prometer é fazer. Sócrates também prometeu, e muito, e quando o fez, fê-lo. Porque fazer depois de prometer é tautologia, é redundância. Por isso ele, depois de prometer, trocou os pés e desatou a desfazer. Ou melhor, a desfazer para mim ou para ti. Que para os outros, bancos e quejandos, a tautologia teve imensos benefícios. Que o verbo seja transitivo, ainda aceito. Que eu seja o complemento indirecto, vade retro Satanás!

quarta-feira, novembro 22

PORTO, BENFICA, SÓ FALTAM OS SPORTINGS...

O Porto lá ganhou, grande resultado. O Benfica quando quer também faz umas coisitas. Acredito que o Sporting vai continuar na senda das vitórias. E o Braga, claro, não pode fazer por menos. Força nisso, rapazes!

segunda-feira, novembro 20

COMPLEMENTO DE NOME

Por definição, o complemento de nome é o constituinte do grupo nominal que se encontra à direita do núcleo e é seleccionado por ele. Logo, pode ser um grupo adjectival, preposicional ou frásico. Até aqui tudo bem, nenhuma dificuldade. Mas, e aqui está a dificuldade, como saber se o complemento é seleccionado pelo nome? Eis como o factor semântico é fundamental. Quem disse que a semântica não interessa?

domingo, novembro 19

Portugal é o sétimo país nos roubos a bancos

Segundo um relatório da Federação Bancária Europeia, Portugal subiu alguns lugares e já é sétimo nos roubos a bancos. Alguns admiram-se, eu não. Acho, até, que vamos chegar ao primeiro lugar. E é justo. Se os bancos portugueses estão em primeiro lugar nos "roubos" aos clientes, porque não hão-de os "clientes" ocupar o mesmíssimo lugar? É a lei da equilibração.

quinta-feira, novembro 16

TERMINOLOGIA LINGUÍSTICA

Estou a analisar calmamente a terminologia linguística proposta para os ensinos básico e secundário. Em princípio, sou a favor de uma actualização da nomenclatura gramatical em uso desde sessenta e sete. O avanço da ciência linguística "obriga" a uma actualização, sob pena de determinados fenómenos da língua, entretanto descobertos e profundamente analisados, serem dificilmente explicáveis à luz da gramática tradicional. Não sou, no entanto, a favor de uma actualização a qualquer custo. Daqui a uns tempos direi qualquer coisa.

terça-feira, novembro 14

TEM DIAS!

A expressão não parece a mais correcta, mas se o povo a diz, é porque existe. Compreende-se: a nossa vida tem dias melhores e outros piores, às vezes apetece-nos partir a loiça toda, outras somos uns anjinhos, muito calmos e molengas. Portugal também tem dias, tudo depende da disposição dos nossos governantes. Eu gostava que o meu país tivesse mais milénios, mais séculos, e que os portugueses o amassem profundamente, como se ama o pai e a mãe, e a terra que nos viu nascer. Não sei, porém, se terá dias. Que a coisa, como dizem os nossos gerundivos brasileiros, tá rolando preta, tudo fugindo prà estranja em busca do pãozinho. Sei não...

segunda-feira, novembro 13

OS BURACOS DA LEI

Segundo alguns jornais, um "buraco" na lei autoriza as instituições financeiras a adquirir imóveis sem pagar imposto municipal. Eu pago, tu pagas, eles não pagam. O Estado é lesado em mais de seis milhões de contos com esta falha legislativa. Céptico como sou, passo a vida a perguntar: por que raio estes "buracos" são sempre para os outros, e nunca para mim, para o simples mortal? Por que grande tromba de água os bancos são sempre os beneficiados com estas "falhas", estes "buracos"? Aqui este mindinho diz-me que estas coisas não acontecem por acaso e que as "falhas legislativas", os "buracos", as vírgulas a mais ou a menos, são cogitadas ao micrómetro. Mas detectaram a coisa. Já não é mau! Mas, quantas outras ficaram por detectar? Hmmm... desconfio que.

domingo, novembro 12

A HORRENDA MORTE DO RATO

O rato vai morrer. Quem o afirma é Bill Gates, o patrão da Microsoft. E o papel. E, já agora, o teclado. Para as árvores, a notícia é excelente. Para os fabricantes de teclados, é má, muito má. Para os ratos, coitados, nem se fala. Segundo Gates, o ritmo da evolução tecnológica vai aumentar. Tudo será resolvido pela voz e pelas mãos. Ainda bem que o tacto vai continuar com função, convém, não é verdade? Os chineses é que não parecem muito preocupados com estas inovações. Aliás, tentam impedi-las a todo o custo. Mas, Internet para quê, perguntam os chineses, que crescem em taxas de mais de dez por cento ao ano. E realmente… Gates é um retórico. Pergunta ele, referindo-se à China: interessa ou não que a Internet possibilite um maior acesso à informação disponível naquele país? Grande pergunta. E se transferíssemos a mesma pergunta para este pequenino Portugal?

sexta-feira, novembro 10



QUADRANTE DE OSSONOBA?

De acordo com Alberto Gomes, em Moedas Portuguesas, 2001:38 “Ossonoba identifica-se com a primitiva povoação, de origem anterior ao domínio romano, presumivelmente de fundação cartaginesa, existente no local onde é a cidade de Faro. Todavia, foi anteriormente localizada no sítio de Mireu, em Estoi, a 9 Km da capital do Algarve. Durante o século I a.C. bateu moeda talvez em duas épocas diferentes, a que correspondem tipologias diferenciadas, de que se conhecem presumíveis dupôndios em cobre e divisores em chumbo, estes quase todos mostrando bastante desgaste”.
Não deixa de ser interessante a referência a presumíveis dupôndios quando, na página 38, surge um dupôndio com 23,10 g e referência 28.02.
A verdade é que possuo dois exemplares de OSSONOBA muito desgastados, de que o da imagem é um dos exemplos. Tenho dificuldade em classificá-lo. Parece-me um quadrante, mas também pode ser um sextante. À esquerda é visível uma nave; à direita, um atum e, debaixo, a referência OSO. O material é o chumbo, o diâmetro é de 13 mm e o peso 2,6 gramas.
Gostaria que me ajudassem a classificá-lo. Já agora, podemos aproveitar para aprofundar o conhecimento destas moedas de OSSONOBA.

Bom dia!

Olá, bom dia! Está um dia bonito, hoje está tudo a fazer greve, acho que vou até à Santa Marta das Cortiças descobrir o célebre palácio suevo. Entretanto, deixo-vos o texto seguinte, para entreter e aprender mais um pouquito.

quarta-feira, novembro 8

AINDA REQUIÁRIO

Relacionado com e parcialmente derivado deste tópico, decorre no Fórum de Numismática um debate em torno da numária de Requiário. Realço os contributos de António Carlos Diogo, Mário Carvalho, Avelino Nascimento e Fabiano Oliveira, entre outros, para este interessante debate. Ligações que esclarecem esta questão são, de momento, as seguintes:

http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?t=8300
http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?t=8182
http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?t=8223

terça-feira, novembro 7


SÓLIDO DE REQUIÁRIO?
Sabemos que, pelo século V, os suevos se fixaram, sob a batuta de Hermerico, na província da Gallaecia, hoje Galiza, e estabeleceram um reino independente cuja capital foi Bracara, hoje Braga. Em 438-455, Requiário comandava as hostes e cunhava moeda.
Leio no Diário do Minho de hoje que, na leiloeira inglesa Italo Vecchi, se encontra a moeda da imagem ( que fotografei do jornal citado), com cunho BR ( presumivelmente BRaga). Sande Lemos, arqueólogo da Universidade do Minho, propôs ao instituto Português do Museu e ao Museu D. Diogo de Sousa a sua aquisição, temendo que a moeda se perca em mãos estranhas.
Sande Lemos sugere que este sólido, que considera inédito ( no AG, realmente, não o vejo referido), pode ser relacionado com as 4 siliquas Iussu Rechiaris cunhadas por Requiário.
Gostaria que comentassem aqui este facto.
ESTE VERBO PARECER...

Marques Mendes alia-se a Jardim no voto sobre a lei das finanças regionais. Em Política, parece não haver princípios, nem vergonha.

Eduardo Prado Coelho, PÚBLICO, 06-11-2006

Este verbo parecer, em português, faz cá um jeitão... Ele parece, parece que, o que parece é ou não é? E assim lavamos as mãos com as palavras. Era mais fácil dizer que, em Política, não há princípios nem vergonha. Pelo menos na portuguesa. Ou continuamos no parece, amigo Eduardo?

segunda-feira, novembro 6


NOME SUBSTANTIVO

Substância nome
Nome substância
Ar substância
Amor nome
Beleza aérea
O ar tem nome
Ar substantivo
Não é nome
Eriça o nome
Adjectiva o nome
Porra para o nome
Viva o substantivo
Fede o substantivo
Viva a rosa
O cheiro
O nome.

VIOLÊNCIA INFANTIL

Dizem os psicólogos: a televisão é parcialmente responsável pela violência infantil. E explicam tal facto com a forma como os filmes são feitos, com os valores que são implicitamente transmitidos, com a valoração de heróis que vencem sempre os seus inimigos à força da bala, do murro ou da patada. Dantes, o cow-boy era o herói. Os vilões eram os índios. E os heróis ganhavam soprando, ufanos, o cano do revólver, enquanto o pobre índio agonizava, impotente, com os seus frágeis arco e flecha. Hoje temos o grande Super-Homem, o inimitável Homem-Aranha, o horrível Dragon Ball e todos os estilhaços esqueléticos que voam pelos ares. Hoje já ninguém lê contos de fadas.
Preocupados, os psicólogos berram com os pais. A culpa é deles, que não filtram o que os filhos vêem. E têm parcialmente razão. Mas, perante a miserável e exigente vida actual, que pais podem estar sistematicamente perto dos filhos para controlarem aquilo que vêem? Eu diria que é uma missão quase impossível, e que os nossos filhos são espectadores e sujeitos da violência imposta.
Se a televisão, a Internet, são hoje instrumentos insubstituíveis na sociedade actual, não lhes competirá, à partida, a filtragem dos conteúdos e das imagens violentas?
Com um controlo mínimo e sub-reptício, sempre dei aos meus filhos liberdade e autonomia para verem e lerem o que quisessem. Mas sempre me preocupei em conversar com eles sobre alguns conteúdos, sobre algumas mensagens ou imagens mais perturbadoras. Não sei se consegui educá-los bem a cem por cento. Sei, no entanto, que são jovens calmos, ponderados, alegres e ciosos de aprender. Oxalá todos os pais pudessem agir com os filhos como eu tenho agido. Mas, às vezes, nós agimos e a coisa corre torta. Educar é tão difícil…

domingo, novembro 5

APAGÃO E APAGÕES

Ontem houve um "apagão" em Portugal devido a uma avaria na rede eléctrica alemã. Outros países europeus sofreram o mesmo "apagão". Interessante, esta nossa dependência dos alemães, que, segundo rezam as crónicas, são o motor da Europa. Quando eles desligam o interruptor e a Europa fica às escuras, mal vai a Europa. Hoje desligam o interruptor, amanhã fecham uma fábrica de automóveis, depois de amanhã não nos emprestam dinheiro... E eu a pensar que dependíamos dos espanhóis...

sábado, novembro 4

O RESPEITO

Diz Mido, o internacional egípcio do Tottenham, a propósito de Mourinho:


A primeira vez que ouvi falar de Mourinho foi quando estive emprestado ao Celta de Vigo e o Benni McCarthy foi cedido ao Porto. Perguntei-lhe por que razão trocava o futebol espanhol pelo português e ele respondeu-me “porque têm um treinador fantástico. Não é fácil manter todos os jogadores motivados quando se tem uma grande equipa, todos falam sobre ele com um grande respeito".

Pois é. Este tipo de respeito conquista-se pelo exemplo. Ninguém o impõe, é impossível. Os outros falam assim de Mourinho. Os nossos, com a célebre dor de cotovelo, é o que se vê.

quinta-feira, novembro 2

EMIGRAÇÃO ESTÁ A AUMENTAR

O último relatório da OCDE " Perspectiva das Migrações Internacionais" afirma que a entrada de portugueses na Suiça entre 2001 e 2004 quase quadruplicou. Imagino que, neste momento, terá decuplicado. Ao mesmo tempo, entram em Portugal cada vez menos imigrantes. Saem mais, entram menos, não há criancinhas, estamos todos velhotes, ninguém quer este jardim de flores plastificadas. Pudera...

quarta-feira, novembro 1

POEMA DE SOPHIA

Porque

Porque os outros se mascaram e tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos calados
Onde germina calada podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.