segunda-feira, setembro 24

CRÓNICA DE UM QUADRO NA VALETA

A crónica, o quadro e a valeta. Não é suposto escrevinhar-se mais ou menos literariamente sobre esta dupla assim tão antagónica. Quer dizer, poderia ser. Conhecemos pinturas famosas de sanitas, porque não de valetas a abarrotar de lixo? Mas não, não é de lixo que se trata, é mesmo de um quadro na valeta.
Um quadro é um quadro, como diria Wittgenstein, uma figuração da realidade. Aquele quadro tinha uma moldura e, dentro da moldura, um menino derretido em lágrimas. Não sei bem se chorava por estar mesmo na valeta, ou se a valeta tinha cascas de cebola, daquelas que fazem chorar até um cavalo. O que me chamou a atenção não foi o quadro, nem a valeta. Foi antes o facto de, a menos de 20 metros, três contentores se espreguiçarem, sobranceiros, à espera das nossas santas sobras.
Não sei se o menino choraria melhor dentro do contentor, nem sei se por lá sobrariam umas tiras de cebola da Índia. Mas raios, isto de estilhaçar tão triste figurinha pelas ruas da amargura não se faz. Um quadro deve estar na parede, bem visível, bem pendurado em prego forte e altaneiro. Na valeta não. Porque na valeta estamos todos, todos os reais, não precisamos de figurações. Essas são para contemplar nos momentos em que estamos na valeta.

segunda-feira, setembro 17


Um dia vi este mural de Siqueiros, já lá vão uns bons anos. Olhei para ele e nunca mais o esqueci. Numa época em que a palavra democracia ganhava asas, ver A Nova Democracia assim agrilhoada deu-me que pensar. As grilhetas, hoje, são bem maiores, e o grito bem mais lancinante. Ou não? Serei eu incapaz de sopesar a insustentável leveza do ser de que nos fala Kundera?
LIVROS

Hoje fui às compras. De livros, porque o ano escolar está no começo.Cheguei exactamente às nove a uma livraria. Meu Deus, uma fila enorme, aí umas cinquenta pessoas. Desisti e fui a outra.Pouca gente e apenas um livro. Por isso estava pouca gente. Um livro para o 9º, 23 euros. A coisa começava bem! Dirigi-me a outra livraria, ali pelas bandas da Sé de Braga. Mais dois livros, 43 euros. Boa! E fui a uma terceira. Mais quatro livros. 56 euros. Excelente! Falta um livro de TIC, ninguém o tem, o meu filho até me diz que não vale a pena comprá-lo. Pergunto porquê. Porque os professores nunca os usam. Hem? Bem, então aguarda-se. Uma amiga arranjou-me os restantes três, poupou-me 80 euros. Quem disse que o ensino é gratuito? O problema é que não sei o que fazer com os livros do ano passado. Pensei oferecê-los à escola, talvez algum necessitado... Que não, não valia a pena. Os livros mudaram todos... Que coisa, será que vou deitar livros ao lixo? Fico cogitando, como o meu amigo Descartes..

domingo, setembro 16

MADDIE

Leio, ouço, vejo, e cada vez mais concluo que o virtual ultrapassou definitivamente o real. Jornalistas, portugueses e ingleses, definitivamente idiotas, inventam factos e, insensíveis, gozam da dor alheia. No meio disto tudo, a criança. Onde estará Maddie? Porque Maddie é e deverá ser sempre a única pessoa importante em todo este insuportável floclore. Eu acredito que está viva e que os pais sofrem. E também acredito que a nossa polícia está a fazer um trabalho digno.

sábado, setembro 8

FEIRA DE NUMISMÁTICA EM SANTO TIRSO

Acabo de chegar. Dei um salto a Santo Tirso. Dia bonito, seis vendedores de moedas, nada que me servisse. Mas o António de Rio Tinto disse-me que tinha por lá uns ceitis, depois mostra-mos. Cetis e dinheiros, dinheiros e ceitis, isto é uma maluqueira do caraças... Mas há maluqueiras bem piores... :)

domingo, setembro 2

FEIRA DE NUMISMÁTICA EM BRAGA

Hoje foi a vez da feira de Braga, ali nos claustros do Castelo. Estavam quatro vendedores, já não é mau: o Paulo Oliveira, o Luís Rodrigues, de Caminha, um amigo de Barcelos e outro creio que de Braga. O Paulo e o Rodrigues vão tendo umas coisitas interessantes. Os outros nem por isso. Tenho a percepção de que bom material da monarquia já não existe, dificilmente encontro algo que encaixe nas minhas colecções. Mas o coleccionismo da moeda é mesmo assim: devemos aguardar a oportunidade, às vezes aparece um exemplar de nos encher o olho, e aí sim! Sábado vou até Santo Tirso. Domingo sou capaz de ir a V.N. de Cerveira.

sábado, setembro 1

FEIRA DE NUMISMÁTICA EM GUIMARÃES

Conheço todo o calendário das feiras de numismática. Sei que, no primeiro sábado de cada mês, se realiza uma feira em Guimarães. Já lá fui muitas vezes e confirmo que valia a pena ir. Valia. Porque já não vale. Nos duas últimas feiras, isolado e só, com moeditas da república e alguns euros, o mesmo vendedor da esquina. Tão cedo não volto lá. E é pena, porque Guimarães é cidada lindíssima e que merece visitas sistemáticas. Adoro Guimarães, eu, que sou de Braga!