domingo, maio 25

Foto: ebrunet

O GROVE, A TOXA E O PORTUGUÊS DA GALIZA

Sou nortenho de Portugal. Adoro a Galiza.

Sempre que posso, visito a Galiza. Conheço-a muito bem, tal como conheço muito bem o norte de Portugal. Aliás, o norte de Portugal e a Galiza conformam a mesma nação: o mesmo sentir, o mesmo coração, a mesma língua. Quando me inebrio com os poemas de Rosalía de Castro, ou com as cantigas de Martim Codax, inebrio-me como um telurismo que faz de mim um galego e de um galego um português.

Um dia, estava eu em A Toxa, ali por O Grove, quando ouvi, em português retinto, uma velhota apregoando “Quem quer castanhas…”. Olhei e sorri. Não fiquei nada admirado, pois sabia que os galegos mais idosos falam português, pois em português nasceram e em português hão-de morrer.

Há dias ocorreu em Santiago uma grande manifestação a favor do galego como variante do português. Eu sei, porque tenho participado na coisa, que há galegos a serem punidos por defenderem esta posição, seja nas escolas, seja na própria sociedade. E não me parece bem que os diversos governos de Espanha tentem, a todo o custo, impor o castelhano, impedindo o livre florescimento das outras línguas oficiais.

Por muito que o centralismo queira impor unicidades linguísticas, a consciência de que a língua faz a nação nunca deixará que tal facto aconteça.

Historicamente, o galego é o português e o português é o galego. A língua portuguesa fala-se em Portugal, no Brasil, em países africanos e até asiáticos. Fala-se também na Galiza. É uma língua de enorme prestígio e só temos de dar as mãos para torná-la cada vez mais prestigiada em todas as instâncias internacionais.

Em Portugal, vemos televisão espanhola. Os portugueses são universalistas e não têm barreiras psicológicas nem políticas. Porque não poderiam ver televisão espanhola? Mas os galegos não vêem televisão portuguesa. O que é um insulto, não só aos galegos, mas também aos portugueses. E não vêem porque os políticos não deixam.

Afinal, quem tem medo de quem? Os políticos espanhóis têm medo que os galegos mais jovens descubram que a sua língua materna é, imagine-se, falada por mais de duzentos milhões de habitantes?

Apaixonemo-nos pela Galiza, que é do nosso corpo e sangue.

sexta-feira, maio 16

E A RESPOSTA É...


Existe, na língua portuguesa, um verbo muito curioso e raramente usado. Digamos que ele é geralmente reconhecido pela forma participial que, como bem sabemos, assume bastas vezes função adjectival. O significado de ENSIMESMADO é facilmente reconhecível em frases como:

a)Ultimamente, a nossa ministra da Educação anda um pouco ensimesmada. Porque será?

O verbo ensimesmar-se é verbo pronominal, com a particularidade de sê-lo duplamente em forma reflexa. Reparem:

Eu em mim mesmo-me
Tu em ti mesmas -te
Ele em si mesma-se
Nós em nós mesmamo(s) –nos
Vós em vós mesmais –vos
Eles em si mesmam-se

Juntando tudo:

Eu emmimmesmo-me
Tu entimesmas -te
Ele ensimesma-se
Nós ennosmesmamo–nos
Vós envosmesmais –vos
Eles ensimesmam-se

E pronto, cá está o Presente do Indicativo do verbo ensimesmar-se.

A resposta ao exercício seria então, tal como disse o Sotero no Fórum de Numismática, emmimmesmo-me.

quinta-feira, maio 15

UMA AJUDINHA...

O verbo, no Infinitivo Impessoal, e segundo o Dicionário da Academia, significa "Ficar pensativo, em atitude de meditação e interioridade, abastraindo-se do que o cerca". É uma boa ajuda...

terça-feira, maio 13

UM PRÉMIO A QUEM ACERTAR

Há, na língua portuguesa, um verbo pronominal que, numa das pessoas do Presente do Indicativo, tem SEIS M. Qual é?

Uma moeda de prémio a quem der aqui a resposta certa (moeda à minha escolha).

Presumo que não será muito fácil encontrar a resposta, mas como exercício serve.

quinta-feira, maio 8

BARBUDA, GRAVE E PILARTE

Quando ElRey D. Fernando fez a guerra a Castella, serviraõ a ElRey D. Henrique o Nobre muitos Soldados Francezes, que vinhaõ armados de celadas, a que eles chamavaõ Barbudas; e traziaõ lanças com pendoens, que chamavaõ Graves; e traziaõ comsigo pagens para as celadas, a que chamavaõ Pilartes; e querendo Elrey D. Fernando deixar memoria d’esta sua empreza, poz estes nomes, e insígnias nas Moedas, que mandou lavrar de novo.

D. António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portuguesa


Barbuda

Grave

Pilarte

Fotos: Fitzwilliam Museum/ Luís Norte