segunda-feira, novembro 6


VIOLÊNCIA INFANTIL

Dizem os psicólogos: a televisão é parcialmente responsável pela violência infantil. E explicam tal facto com a forma como os filmes são feitos, com os valores que são implicitamente transmitidos, com a valoração de heróis que vencem sempre os seus inimigos à força da bala, do murro ou da patada. Dantes, o cow-boy era o herói. Os vilões eram os índios. E os heróis ganhavam soprando, ufanos, o cano do revólver, enquanto o pobre índio agonizava, impotente, com os seus frágeis arco e flecha. Hoje temos o grande Super-Homem, o inimitável Homem-Aranha, o horrível Dragon Ball e todos os estilhaços esqueléticos que voam pelos ares. Hoje já ninguém lê contos de fadas.
Preocupados, os psicólogos berram com os pais. A culpa é deles, que não filtram o que os filhos vêem. E têm parcialmente razão. Mas, perante a miserável e exigente vida actual, que pais podem estar sistematicamente perto dos filhos para controlarem aquilo que vêem? Eu diria que é uma missão quase impossível, e que os nossos filhos são espectadores e sujeitos da violência imposta.
Se a televisão, a Internet, são hoje instrumentos insubstituíveis na sociedade actual, não lhes competirá, à partida, a filtragem dos conteúdos e das imagens violentas?
Com um controlo mínimo e sub-reptício, sempre dei aos meus filhos liberdade e autonomia para verem e lerem o que quisessem. Mas sempre me preocupei em conversar com eles sobre alguns conteúdos, sobre algumas mensagens ou imagens mais perturbadoras. Não sei se consegui educá-los bem a cem por cento. Sei, no entanto, que são jovens calmos, ponderados, alegres e ciosos de aprender. Oxalá todos os pais pudessem agir com os filhos como eu tenho agido. Mas, às vezes, nós agimos e a coisa corre torta. Educar é tão difícil…

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