segunda-feira, junho 15

OU SIM, OU SOPAS

Não vou discutir se o antónimo de “antónimo” é “sinónimo”, ou se vice-versa. No meu português e, creio, no português de todos os portugueses, “junção” significa “ligação” e o seu antónimo, ou o seu contrário, é “disjunção”. Claro que poderíamos gastar aqui umas boas horas a discutir estes conceitos e até poderíamos beber uns copos, se os copos se bebessem. Ou, se achássemos melhor, sempre poderíamos jogar uma entretida lerpa, para plainar as meninges. Portanto, a disjunção: A ou B. Ou A, ou B. Seja A, seja B. Ou sim, ou sopas. Sinceramente, não me interessa saber se F. fica preso ou se sai. Interessa-me é saber por que raio a Marta me abanou o frontispício com aquela coordenada toda ribombante: “Meu menino, ou sim, ou sopas!”. Porque do sim eu sei o significado. Do sopas é que já duvido. Quer dizer, eu como sopa, embebo pãozinho no leite, às vezes o arroz fica uma sopa, sei também que não ganho para as sopas e que, por este caminho, ainda vivo às sopas da minha velhinha mãe que, nos velhos tempos, bem queria alimentar-nos a sopas de cavalo cansado. Às vezes, estas sopas caíam como sopa no mel, e lá nos íamos aguentando… Mas, caramba, o que eu não entendo, juro que não entendo, é o que a Marta me berra. Se lhe digo sim, o que pensará de mim? Se lhe digo sopas, sairá sapato pelo ar? Esta disjunção é mesmo totalitária e devia ser banida da língua. Porque ninguém tem o direito de nos impingir um não à laia de qualquer sopa, por muito saborosa que seja. Definitivamente: sim ou não? Que acham, digo que sim à Marta? Ou digo que aguente, até que as sopas arrefeçam?


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