terça-feira, junho 2

PRESIGO


Não sei qual o âmbito de uso desta palavra no território nacional. Imagino que, no Brasil e nas restantes ex-colónias, terá também algum uso. Para mim, no entanto, é palavra bem presente e que consta no meu dicionário mental. Por curiosidade, consulto alguns dicionários e obtenho aproximadamente a mesma definição: o que se come com o pão, carne de porco, conduto. O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado por José Pedro Machado, acrescenta-lhe: farnel. O Dicionário Houaiss e o Dicionário da Academia apontam-lhe uma origem obscura relevando a condição de regionalismo. O Dicionário Houaiss apresenta a explicação mais completa, dada em três simples linhas: designação genérica do que se come, sem prato, com pão (por exemplo: presunto, azeitonas, queijo). Curiosamente, ambos escondem o verbo presigar, constante dos outros três dicionários. Não é fácil explicar os contextos de uso de palavras como esta, suscetíveis de modificar ligeiramente o seu significado. Nos velhos tempos, isto é, no tempo da sopa, da côdea rapada e da meia sardinha, o presigo era o que se comia além da sopa. Em geral, o que se comia além da sopa não levava grandes condimentos. Toucinho sim, que era guardado em salmoura e se comia de vez em quando. E hoje, com a mudança alimentar, ainda há quem espere pelo presigo? E os jovens conhecerão a palavra?


Sem comentários: