PRESIGO
Não sei qual o âmbito de uso
desta palavra no território nacional. Imagino que, no Brasil e nas restantes
ex-colónias, terá também algum uso. Para mim, no entanto, é palavra bem
presente e que consta no meu dicionário mental. Por curiosidade, consulto
alguns dicionários e obtenho aproximadamente a mesma definição: o que se come
com o pão, carne de porco, conduto. O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado
por José Pedro Machado, acrescenta-lhe: farnel. O Dicionário Houaiss e o
Dicionário da Academia apontam-lhe uma origem obscura relevando a condição de
regionalismo. O Dicionário Houaiss apresenta a explicação mais completa, dada
em três simples linhas: designação genérica do que se come, sem prato, com pão
(por exemplo: presunto, azeitonas, queijo). Curiosamente, ambos escondem o
verbo presigar, constante dos outros três dicionários. Não é fácil explicar os
contextos de uso de palavras como esta, suscetíveis de modificar ligeiramente o
seu significado. Nos velhos tempos, isto é, no tempo da sopa, da côdea rapada e
da meia sardinha, o presigo era o que se comia além da sopa. Em geral, o que se
comia além da sopa não levava grandes condimentos. Toucinho sim, que era
guardado em salmoura e se comia de vez em quando. E hoje, com a mudança
alimentar, ainda há quem espere pelo presigo? E os jovens conhecerão a palavra?
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