A MOSCA E A ASNEIRA
Coitada da mosca. Que tem ela a
ver com os dislates, com as bocas abertas e com o sorriso asnal? Mas o povo tem
destas coisas, gosta de sublimar o ridículo das situações e pimba, toca a
malhar no inseto. Porque o que está em causa é o asno, ou a asna, que a fêmea
também merece cidadania. Em linguagem mais vibrante, nós gostamos de chamar burro
ao animal e pronto, mas o núcleo vibratório é mesmo asinino, e é assim que este
dito é reconhecido: quando fulano abre a boca, ou entra mosca, ou sai asneira.
E a asneira será o dito, ou o ato, próprio dos asnos, isto é, dos inteligentes
de uma certa gleba. Há por aí uma asnada que asneia que nem lhes digo. De tal
forma que até o Eco se abespinhou. Alguns asneiristas retrucaram e tentaram, de
forma eufemística, cambiar a asneira pela asneirola, mas acho que não
conseguiram. O amigo do amigo lá tentou dar explicações pseudocientíficas sobre
uma peça triangular de madeira em forma de V com as pernas bem abertas, mas não
convenceu ninguém. Definitivamente, os nossos primeiros podem não comer muitas
moscas, mas que daquelas profundidades profundas sai muita asnice, lá isso
sai!...
Sem comentários:
Enviar um comentário