quarta-feira, outubro 11

CASCOS DE ROLHA

Vergo-me perante a minha ignorância. Eu bem procuro em livros, em dicionários, em enciclopédias... Obtenho o significado, mas não a origem. Estar, viver, ir a cascos de rolha significa estar em, viver em ou ir a um lugar longínquo. Creio que nenhum português desconhecerá a expressão e o que ela significa. Como terá, porém, nascido? Aquilino Ribeiro, com a sua linguagem bem regional, já a usa n' Os Malhadinhas. Qual a relação entre os cascos e a rolha? Imaginem que até já andei no Corominas, vendo a palavra casco, em espanhol. Vou continuar a investigar, um dia descubro. Se alguém souber a explicação, agradeço, agradecemos todos.

3 comentários:

JOSÉ SILVA disse...

:) Já li uma explicação parecida, numa página qualquer (tenho pena de não a ter registado). Num tempo em que não havia os meios de transporte actuais, o coitado do cavalo arcava com tudo. Porque ferreiros havia-os de longe a longe, e porque as ferraduras se desgastavam, os cavaleiros proviam-se de ferraduras, cascos de cortiça. E assim o cavalo não sofreria durante um tempo, quando das longas viagens.
É uma explicação plausível, lógica, mas que não me atrevo a corroborar. Vou continuar a investigar até descobrir a verdade, que até pode ser a sua, ou esta que acabo de referir.

Pedro L. P. Sousa e Silva disse...

Vi isto por acaso, na mesma busca do google que me trouxe a este blog. Não dou garantias nenhumas quanto à fonte de onde tirei isto, mas como me pareceu minimamente plausível, vou citar, na esperança de ser útil:
"Agustina Bessa Luís explicou mais ou menos nos termos que se seguem a origem da expressão "cascos de rolha", mas não sem antes avisar que este exemplo não será contemplado no programa "Antigamente, quando os animais tinham ronha, uma doença que atingia alguma proporção, eram lançados ao baldio e por isso se dizia 'vai para cascos de ronha'". A ligeira mudança de registo dever-se-á a uma deturpação, filha da passagem do tempo.

Segundo a escritora, a sobrevivência linguística de expressões deste género estará também associada ao facto de se terem tornado engraçadas.

"Ela por ela", de exibição semanal, cujo dia da semana Agustina diz ainda desconhecer, propõe-se dar conta dos "mistérios escondidos" da língua, sobre os quais "não se reflecte, nem sabe o significado" . O projecto começou a desenhar-se há um ano. "Não é nada de elaborado, é uma coisa muito espontânea, despretensiosa, que se passa em ambiente caseiro", contou."

Em: http://jn.sapo.pt/2006/10/24/televisao/agustina_bessaluis_programa_rtp.html

Pedro Collares Pereira disse...

Não tenho a certeza da explicação que vou dar ser a única, mas parece plausível.
Suponho que por mero acaso aconteceu terem mandado um vinho do Porto sem grande qualidade num "Casco de Rolha" (leia-se cortiça)para o Brasil. Por esquecimento não foi dembarcado e voltou a Portugal. Ao provarem o vinho que tinha voltado perceberam que não só tinha melhorado muito, com tinha envelhecido como se muitos anos tivessem passado. Este pequeno milagre tinha ocorrido pela viagem ter sido feita em casco de cortiça (rolha) o que permitiu que o vinho respirasse por não estar num casco de carvalho (que seria o que teria acontecido se de um vinho muito bom se tratasse) e devido às bruscas mudanças de temperatura a que esteve sugeito. Isto fez com que se passasse a mandar regularmente vinho de pouca qualidade em "Cascos de Rolha" ao Brasil, para depois ser vendido em Portugal como vinho de qualidade. A este procedimento passou-se a chamar "Vinho de Torna Viagem". Como o Brasil era longe Cascos de Rolha terá passado a te o significado de longíncuo.