sábado, outubro 14

O MITO DO ETERNO RETORNO

Gosto de antropologia, de conhecer as vivências dos nossos antepassados, de sentir a perfeição e a beleza com que mergulhavam no seu mundo. Quando me lembro da minha infância, não obstante todas as dificuldades por que passei, é nela que descubro aquilo que foi bonito e bom na minha vida. Creio que todos analisamos assim o mundo: a perfeição está no passado, não no presente e muito menos no porvir que desconhecemos. Por isso leio com um prazer único as obras de Mircea Eliade ou de Gaston Bachelard. Um porque me fala de mitos, e daquele que particularmente me fascina: o mito do eterno retorno. Outro porque me fala da essência do ser humano, da profundidade religiosa que nele em todas as circunstâncias se entranha. Falei hoje, ao meu filho mais novo, da minha infância, falei-lhe do pequeno rio da minha aldeia (todas as aldeias têm um pequeno rio…), dos campos, das flores, e dos pássaros. Disse-lhe que a minha infância tinha sido linda. E disse-lhe para viver com profundidade toda a sua juventude. Falei-lhe, naturalmente, de Eliade, até lhe disse que ele viveu em Portugal durante uns tempos. O rapaz achou a conversa interessante. Ainda bem. Um dia destes voltamos a conversar.

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