sexta-feira, setembro 12

CACULO

Quando eu era pequeno, a minha mãe dizia-me muitas vezes: “Precisas de te alimentar bem, come um prato de massa de caculo!”. Porque a língua se transmite de pais para filhos, em variadas sincronias, continuo a dizer ao meu mais novo, jogador de bola e gastador de necessários hidratos e outras calorias: “Tens de comer uma grande pratada, filhote, de caculo!”. Ele vai brincando comigo, diz que tal palavra não existe, e que eu vivo no século XV da língua portuguesa. Até pode ser. As línguas são extraordinariamente dinâmicas, as palavras cabeceiam significados, mas é óptimo que os mais velhos actualizem estas palavras, relevando a riqueza insuperável do léxico da nossa língua. Consulto vários dicionários e nada. Consulto o formidável Houaiss et voilà: “Caculo: em demasia, em excesso, de sobra”. É isso mesmo! Um prato de massa de caculo é um prato cheio, se possível em pirâmide, para saciar a fome e dar energia. A palavra, afinal, ainda existe! Eu que o diga, pois a repito todos os dias…

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