sexta-feira, fevereiro 16


SABEDORIA

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

José Régio

1 comentário:

Isaias Malta disse...

Ah! as estrelas!
Quem não se pegou olhando estrelas! Belo poema que comi. Sim, comi porque poemas são para comer ou cuspir fora.
Caso queira olhar algum dos meus, acesse:
http://arcanarca.blogspot.com