segunda-feira, março 28

DESLUMBRANTE

Há coisas assim, deslumbrantes, encantadoras, fascinantes, ou simplesmente maravilhosas. Adjetivos que usamos sem pudor, como se as coisas ou as pessoas assim o fossem quando pomos os olhos nelas. O problema é que, quase sempre, o excesso de luz ou de brilho ofusca o nosso olhar, embacia-o, deturpa a forma como vemos a realidade. De onde resulta que o que deslumbra obrigatoriamente engana. Quando conduzo, em noites de forte chuva, fico deslumbrado com os máximos na outra margem. Às vezes, sinto náuseas. Outras vezes, uns copos a mais causam algum deslumbramento, imagens a dobrar, círculos quase quadrados, palavras em trovoada. Portanto, caros leitores, cuidado com as loiras. Se elas deslumbram, a culpa é da cor do cabelo, que provoca umas visões ondulatórias difíceis de explicar.

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