sexta-feira, maio 27

SUBREPTÍCIO ou SUB-REPTÍCIO?

A propósito de uma observação feita na aula por uma aluna, como escrever a palavra sub-reptício? Nos termos do Acordo Ortográfico anterior, não havia dúvida. O prefixo sub, quando relacionado com palavra seguinte começada por r, separava-se dela por hífen. O novo Acordo, porém, é omisso relativamente a este fenómeno. Na alínea a) da Base XVI apresenta o exemplo de sub-hepático, e nada mais. Deduz-se, portanto, que palavras como sub-raça, sub-região, sub-regional, sub-reitor, sub-rogação, sub-rotina ou sub-reptício, perderão o hífen. O resultado será esquisito: subraça? Subrotina?

Aguardemos clarificação.



Observação: no Guia para a nova ortografia editado pelo ILTEC, em edição dos ministérios da Educação e da Cultura, diz-se que os elementos de formação (neste caso, sub-) continuam a separar-se com hífen da palavra a que se associam quando terminam com n, m , b ou d e a sua aglutinação provoque uma leitura que não reflita a pronúncia da palavra ou viole uma restrição ortográfica (exemplo: sub-regulamentar). Este considerando do Guia não resulta de informação directa inscrita no Acordo (que é omisso a este respeito), mas é lógico se  bem analisado o facto linguístico em causa. Desta forma, sub-reptício continuará a escrever-se assim: SUB-REPTÍCIO. 






3 comentários:

Professor Feijó disse...

Caro José Silva. Acesse www.acordarmelhor.com.br

Você vai ter acesso às exposições e comentários do Prof. Ernani Pimental, lúcido professor da nossa língua comum.
Contudo, digo a você, comungando com as ideias e a posição a respeito dessa triste Reforma Ortográfica atual, que isso tudo foi uma grande improvisação, mesmo que digam ao contrário, pois a ortografia da Língua Portuguesa sempre foi tratada de maneira superficial, ilegal, inconstitucioanal e autoritariamente. Todas a propostas feitas - foram 9 no século XX - não passaram de exercícios tímidos sem vontade de se ir fundo às raízes do problema. As lídimas instituições, pelo menos aqui do Brasil, não foram ouvidas oficialmente pelo Governo, que afinal é a suprema inst|ância que sanciona o fato em forma de Lei. A minha academia, a ABRAFIL (Academia Brasileira de Filologia) - pesquise no Google e veja o que ela é e quem abriga e quem já abrigou. Todos lá são doutores em Letras. Agora, por aqui foi ouvida oficialmente a Academia Brasileira de letras, que tem filólogos, mas também tem médicos, jornalistas e Paulo Coelho....
Abraço
Feijó

DioClown disse...

Muito boa explicação, Professor Feijó. Sou estudante de Jornalismo e estudioso de Etimologia. Quando perguntei a meu professor de Linguística o porquê da Reforma Ortográfica, ele me explicou que, quando países de língua hispânica se reuniam para assinar um tratado não havia problemas, pois todos compartilhavam da mesma ortografia, o que não ocorria com os países lusófonos. No entanto, se muitos reclamam do chamado "jurisdiquês", por que não inventar um "diplomatês" em vez de obrigar o povo a se adequar a uma arbitrária nova ortografia?

Argumenta-se que as novas gerações irão, gradativamente, se adequar à Nova Ortografia naturalmente, o que não duvido. Mas o movimento contrário à Reforma elucida que, embora haja novas regras para definir o que pode ou não ser feito, as mesmas não têm base do ponto de vista semântico-cognitivo, o que dificulta sua compreensão e assimilação.

Unknown disse...

Paulo Coelho é brincadeira, professor!