quarta-feira, maio 13

O AMOR E A VIDA


Eu sei que às vezes a vida é nossa inimiga. Nascemos com ela e por ela, crescemos e sonhamos sonhos impossíveis, e de repente vemos o sol no zénite da nossa adoração. São os olhos e a face, o sorriso dulcíssimo que nos inebria, o abraço e os corpos em irreprimível fusão. Dizemos: amo-te, amo a vida, fundimo-nos com toda a natureza e pensamos que a vida somos nós em contínua floração. A noite, porém, também é dia. E na noite trememos os segredos, sofremos as angústias, choramos as lágrimas que a luz do sol reprime. Se eu amo, porque a minha amada se nega? Se eu sorrio às flores, porque se esconde o sol e cai a neve, esfriando os mais quentes sentimentos? Quiséramos amar e ser amados assim, incondicionalmente, de coração aberto e sem truques, porque o amor não é trunfo que se jogue mas dor que nos entranha e faz sofrer. Olhamos às vezes o vazio do amor, o lugar dele agora não preenchido, recordamo-lo com a mão no peito e cerramos os olhos. Amar é sublime, ou na ausência, ou na noite, ou nas lágrimas impotentes e caladas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sempre me fascinaram as palavras, principalmente as de « Amor».
Li e tive que comentar. Falar de amor è difícil, amar mais difícil ainda e embora este faça sofrer, se for verdadeiro não passa, fica guardadinho numa gavetinha do nosso coração.A idade, a distância , o estado civil... nada o apaga, fica lá e torna se um escarapão, è preciso ter estaleca para o perceber e aceitar.
Texto maravilhoso!!!
Sensíbilidade é sinónimo de inteligência.

Com requinte: Adélia

Anónimo disse...

mistrabLindo!...
O Prof. escreve muito bem.Adoro!