Ouço de Zamphir a flauta profunda e lenta. Pelo meio, sons de chuva esbarram cinzentos na janela. O dia boceja frio, com apetites de cama novamente. E o pão com manteiga dos que dependem dele às onze da manhã? Levanto-me e saio. Atravesso o jardim com passo duplo, volteando as poças imensas de água. A rosca quente da manhã é exercício inelutável, induz-me sempre a ir em frente, quer pingue, quer faça sol. Volto pelo mesmo caminho, piso as mesmíssimas pegadas e de repente vejo: a flor. Treme de frio derreada sob as gotas intensas, mas projecta o seu olhar de encontro a mim. Uma flor num dia de chuva, orgulhosa e viva, sorrindo cândida para o mundo. Acho que já ganhei simbolicamente o dia: ver uma flor sorrindo para nós num dia frio e cinzento é extraordinário augúrio. Assim seja na minha vida, na vida de todos os leitores, agora e para sempre. Amen.
domingo, maio 17
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário