domingo, maio 13

De http://foto-diario.blogspot.com

PUDOR ET VERECUNDIA
Leio « Pudor et Verecundia": deux formes de la conscience morale? de Jean-François Thomas. Penso na origem das palavras, na evolução semântica, na polissemia evidente, na pretensa sinonímia. Pudor: escrúpulo, timidez, modéstia, sentimento de honra ou honorabilidade. Também verecundia>vergonha: sentimento de honra, escrúpulo, timidez, modéstia. Comparo as palavras e parecem-me sinónimos perfeitos. Serão, no entanto, duas formas da nossa consciência moral? Os nossos jovens de calças pelos pés e de cuecas à mostra são despudorados ou desavergonhados? E os nossos políticos, os nossos jardins sem bananeiras visíveis, são sem-vergonha ou sem-pudor? Ora cá está um tema interessante! Ofereço-o a quem queira aprofundá-lo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Numa primeira nota, acho fantástica essa sacralização do latim que leva os autores a incluí-lo nos títulos, transformando-os em obras de arte bilingues. O latim lembra-me o clube que me tira o sono: em tempos foi grande, ainda se pavoneia como tal – o “Glorioso” –, mas não reconhece que o seu tempo já passou; teve um papel relevante na História mas os fantasmas não passam disso mesmo: um passado que foi, em tempos, presente. Como pragmática assumida, não hesitei, no secundário, entre o latim e o francês.
Quanto a sinónimos perfeitos… hmm…perfeição é uma palavra perigosa, já muitas loucuras se cometeram em nome dela. Nunca me esqueci de uma lição: “duas palavras nunca significam exactamente o mesmo, senão… porque existiriam duas?”. Hoje, sei que o que traça a fronteira entre uma palavra e uma muito semelhante é a sensibilidade de cada um; isso, e, porventura, o contexto – “eu sou eu e a minha circunstância”… Pudor e vergonha parecem incluir como sinónimos o vocábulo “modéstia”, o que muito me incomoda. Creio poder ter pudor sem ser modesta – talvez o único termo do qual fujo a sete pés: sou completamente incapaz de compreender – e, como tal, aceitar – que uma pessoa saiba o que vale e, no entanto, se subvalorize só porque isso lhe confere visibilidade perante os outros; é um paradoxo de todo o tamanho e – acho que isto já reveste contornos de fanatismo… – suponho que a modéstia não passa da senhora hipocrisia com uma linda máscara veneziana. Aceito com naturalidade um “só sei que nada sei”, mas nunca um “só sei que sei… mas prefiro dizer que não sei”…

JOSÉ SILVA disse...

No caso em apreço, a inclusão do título em Latim respeita, apenas, o título do artigo referido. E compreende-se que o autor o fizesse, pois analisa parcialmente a evolução semântica das palavras. No que me diz respeito, não se trata de nenhuma sacralização. Dado que cita Ortega y Gasset, os meus textos jogam, não poucas vezes, com as minhas circunstâncias. Eu trabalho com palavras, a etimologia é zona que frequento e por vezes ensino, é natural que escreva um pouco em função disso. Não erijo o Latim em coisa nenhuma, valorizo os pragmáticos como a Margarida, é bom que falemos Francês "comme il faut". Aliás, tenho uma admiração imensa pela cultura francesa e sinto orgulho no meu conhecimento do Francês, língua que falo e escrevo muito bem, pois, tal como a Margarida, com certeza, sou do tempo em que a matriz linguística nem de perto era o Inglês.

Anónimo disse...

Perfeitamente esclarecida,era justamente uma "repreensão" que esperava obter...e já agora:só completo vinte primaveras para o mês que vem...

JOSÉ SILVA disse...

:) 20 anos...Ora bolas, grande escorregadela... Mas onde vê a menina Margarida a tal "repreensão"? Pelo contrário, acho excelente a forma como expõe as suas ideias... Quanto ao pragmatismo, ele é muito bom, mas convém não exagerar...

Anónimo disse...

Pois é,tudo é bom com moderação. Fico,portanto,prevenida em relação a um possível excesso de pragmatismo. Confesso que fiquei intrigada por ter entrado em suposições acerca da minha idade - minto,fiquei surpreendida,isso sim,por ter pressuposto que era da sua geração,porque creio não ter dado qualquer indício acerca minha (reduzida)longevidade...Ah! Não se sinta obrigado a comentar as minhas observações - ou a observar os meus comentários. É óptimo receber feedback,mas não quero,de todo,colocá-lo numa posição em que se sinta moralmente forçado a fazê-lo - visto que falou em consciência moral (algo em mim perguntou se não se trataria de uma redundância...)