O CÃO, A AVE E NÓS
Estava um dia de cinza e a chuva espreitava das nuvens. Cheirava a terra molhada, aquele cheiro que nos transporta para os campos ressequidos do passado. Quando estacionei o carro, bem junto ao muro da escola, levava na ideia o café quente que sempre tomo às sete da tarde. Era um café, e não um cão. Mas foi ele que se me atravessou nos olhos quando abri a porta, e me assustou ligeiramente. Bolas! O raio do cão ia-me atirando um chilique. Mirando bem, no entanto, e cogitando: porque estará o não culpado animal fixo no lajedo? Aproximei-me ligeiramente a medo e confirmei: cheirava um melro, um melrito pequeno e depenado, que piava de bico bem aberto pensando ser a mãe. Caíra certamente do ninho e o cão preparava-se para não perdoar. Quadro assim merecia adequada fotografia, mas faltava-me a máquina. Fiz menção de enxotar o canídeo, mas ele resmungou. Ameacei-o com um pontapé e ele afastou-se ligeiramente. Aproveitei então para acariciar o pássaro, que abria o bico em piadelas de fome. O cão aproximava-se, mas eu afastava-o. De repente, vejo cair sobre mim uma sombra negra, ameaçadora e gritante, em jeito de ataque suicida. Mas que raio…? Desviei-me a tempo da furiosa bicada. Porque de bicada se trataria, não tivesse eu movido a cabeça para a minha esquerda bem surpresa. Porque o melro, ou a melra, tinha-me visto com o seu filhote ao colo e em plena carícia. Nunca tal me tinha acontecido: sujeito a rosnos e a bicadas, tudo por causa de um ser angélico completamente depenado. Atirei-o para dentro do jardim, para um tufo de relva bem amanhada e verde. E fiquei à espera, um pouco mais longe, para não interferir no trabalho parental. E vi dois melros, o pai e a mãe com certeza, chilreando forte em torno do seu filho. E comovi-me. Porque nunca pensei que as aves cuidassem assim dos seus filhos, se preocupassem com eles, os defendessem com ataques aos agentes invasores. E comparei esta acção com a acção humana, com alguns pais que abandonam os filhos, que não cuidam do seu crescimento nem da sua educação. Serão as aves mais humanas do que nós?
Estava um dia de cinza e a chuva espreitava das nuvens. Cheirava a terra molhada, aquele cheiro que nos transporta para os campos ressequidos do passado. Quando estacionei o carro, bem junto ao muro da escola, levava na ideia o café quente que sempre tomo às sete da tarde. Era um café, e não um cão. Mas foi ele que se me atravessou nos olhos quando abri a porta, e me assustou ligeiramente. Bolas! O raio do cão ia-me atirando um chilique. Mirando bem, no entanto, e cogitando: porque estará o não culpado animal fixo no lajedo? Aproximei-me ligeiramente a medo e confirmei: cheirava um melro, um melrito pequeno e depenado, que piava de bico bem aberto pensando ser a mãe. Caíra certamente do ninho e o cão preparava-se para não perdoar. Quadro assim merecia adequada fotografia, mas faltava-me a máquina. Fiz menção de enxotar o canídeo, mas ele resmungou. Ameacei-o com um pontapé e ele afastou-se ligeiramente. Aproveitei então para acariciar o pássaro, que abria o bico em piadelas de fome. O cão aproximava-se, mas eu afastava-o. De repente, vejo cair sobre mim uma sombra negra, ameaçadora e gritante, em jeito de ataque suicida. Mas que raio…? Desviei-me a tempo da furiosa bicada. Porque de bicada se trataria, não tivesse eu movido a cabeça para a minha esquerda bem surpresa. Porque o melro, ou a melra, tinha-me visto com o seu filhote ao colo e em plena carícia. Nunca tal me tinha acontecido: sujeito a rosnos e a bicadas, tudo por causa de um ser angélico completamente depenado. Atirei-o para dentro do jardim, para um tufo de relva bem amanhada e verde. E fiquei à espera, um pouco mais longe, para não interferir no trabalho parental. E vi dois melros, o pai e a mãe com certeza, chilreando forte em torno do seu filho. E comovi-me. Porque nunca pensei que as aves cuidassem assim dos seus filhos, se preocupassem com eles, os defendessem com ataques aos agentes invasores. E comparei esta acção com a acção humana, com alguns pais que abandonam os filhos, que não cuidam do seu crescimento nem da sua educação. Serão as aves mais humanas do que nós?
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