quinta-feira, abril 1

MUSEU D. DIOGO DE SOUSA:
OFICINA MONETÁRIA?


Leio no “Diário do Minho” que o Museu D. Diogo de Sousa vai produzir e comercializar réplicas de moedas romanas achadas em Bracara Augusta. Não sei se o objectivo principal é a divulgação ou a comercialização, mas tenho uma opinião sobre a decisão do museu. Na minha qualidade de numismata, coleccionador e estudioso da moeda, verdadeiro interesse têm as moedas originais, com as suas pátinas características, com as marcas de terra ou de ferrugem. Tenho horror às falsificações, às viciações e, como não podia deixar de ser, às cópias ou às réplicas. Nos sítios de leilões, nas feiras de numismática, até em grandes feiras internacionais, a existência de tais artefactos introduziu no coleccionismo algo que não existia até aqui: o medo de comprar moeda não verdadeira. Hoje, para se ser um verdadeiro numismata de moeda antiga, exige-se um grande conhecimento histórico, para além de conhecimentos na área monetária e, principalmente, da metrológica, sob pena de se coleccionar um objecto falso, que de moeda nada terá, evidentemente. Fico, portanto, surpreendido com a decisão do Museu D. Diogo de Sousa. Em primeiro lugar por se transformar numa “oficina monetária”; depois, por alguém pensar que a comercialização de réplicas vai dar ao museu muito dinheiro. Engane-se quem assim pensou. Nenhum numismata minimamente esclarecido gastará um cêntimo num produto que vale zero. É uma má decisão, mas quem corta é porque riscou.

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