terça-feira, julho 24

A MINA

Não consigo perceber porque se preocupam tanto com o petróleo. Se o descobrirem ao largo de Peniche (lagarto, lagarto, toc, toc, toc…), era uma vez uma costa linda e donzela. Porque do Carvoeiro, nem vê-lo, quando muito ver-se-á ao longe e ao perto a negridão do carvão… Também não entendo esta azáfama em torno de ouros ou volfrámios, como se de metais vivêssemos neste rectângulo cada vez mais quadrado. Vocês já viram os bancos? Não mexem uma palha, a malta vai de joelhos e sai a esguichar sangue, e ele são lucros fabulosos em hora de soluço colectivo. Portanto, a prospecção só faz gastar dinheiro, é completamente desnecessária, além de dar cabo dos costados cá do pessoal que, na escuridão das minas, tem de vergar a cerviz a tudo quanto é capataz. E tudo isto porque, já viram bem, há uma mina nas estradas, nas ruas e ruelas, nos becos sem saída de cada cidade ou quarteirão. Alguns já descobriram a mina. Ou as minas. Por exemplo, a dos parques de estacionamento. Grande mina, hem? E esta dos limites de velocidade? Caramba… Mais vale tarde do que nunca. Ele era o Porto, ele é Lisboa, é só minério a entrar nos cofres das edilidades… Tenho de me pôr a pau: o meu mesquitinha ou anda a dormir ou anda a programá-las. E era bem feito! Porque é preciso pagar a Pedreira nem que seja à pedreirada… Oh Mesquita, acorda, rapaz!!!

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