TROUXE-MOUXE
Afinei o ouvido. Ela disse trussa? Desconheço a palavra. Ou seria o francesismo trousse? Ora repete. E ela: trusse. Com alunos estrangeiros, problemas de identificação fonética são o abc da coisa, é preciso muita atenção. Espera: vamos aos significados. Diz-me uma coisa, estás a falar de uma peça de vestuário, algo como camisa, ou calças…? Que não. Porque trousse, em francês, significa uma espécie de calça, já muito antiga (já não há pagens que as vistam) e, talvez por isso, se a palavra trussa estiver dicionarizada, o seu significado rondará por aí. Mas não, nem trussa, nem trusse com sotaque, nem trusse (que raio significaria trusse?). De repente, uma iluminação: ahhhhh... trouxe… Sim, sim, disse ela muito rapidamente. Trouxe, trouxe, e carregava no xis. Pois, lá pensei que era o Pretérito Perfeito do trazer, e lá gastámos uns minutos na dinâmica do trazer-levar. Mas os movimentos eram errados. Ao fim de umas bem suadas reflexões linguísticas, concluímos todos, eu e os outros alunos, que era trouxe, sim senhor, mas na expressão trouxe-mouxe. Em português, podendo ser nome susceptível de plural, tal expressão é, em geral, de valência adverbial, e recebe prótese preposicional: a trouxe-mouxe. Na nossa língua, que eu saiba, não há trouxe nem há mouxe como designações de coisas. Eu sabia que a locução significava algo como “de modo desordenado”, mas não conhecia a sua origem. Agora já sei que tem origem em lenhadores (parece que espanhóis: a troche y moche) despreocupados com as questões ambientais, que cortavam as árvores à machadada, à esquerda e à direita, desordenadamente, sem pensarem um segundo na perpetuação da espécie. Mochar para mutilar. Trochar, de trozar, para fazer em destroços. E pronto, lá fui obrigado a aprender para voltar a ensinar. Isto de aprender tem que se lhe diga...
Afinei o ouvido. Ela disse trussa? Desconheço a palavra. Ou seria o francesismo trousse? Ora repete. E ela: trusse. Com alunos estrangeiros, problemas de identificação fonética são o abc da coisa, é preciso muita atenção. Espera: vamos aos significados. Diz-me uma coisa, estás a falar de uma peça de vestuário, algo como camisa, ou calças…? Que não. Porque trousse, em francês, significa uma espécie de calça, já muito antiga (já não há pagens que as vistam) e, talvez por isso, se a palavra trussa estiver dicionarizada, o seu significado rondará por aí. Mas não, nem trussa, nem trusse com sotaque, nem trusse (que raio significaria trusse?). De repente, uma iluminação: ahhhhh... trouxe… Sim, sim, disse ela muito rapidamente. Trouxe, trouxe, e carregava no xis. Pois, lá pensei que era o Pretérito Perfeito do trazer, e lá gastámos uns minutos na dinâmica do trazer-levar. Mas os movimentos eram errados. Ao fim de umas bem suadas reflexões linguísticas, concluímos todos, eu e os outros alunos, que era trouxe, sim senhor, mas na expressão trouxe-mouxe. Em português, podendo ser nome susceptível de plural, tal expressão é, em geral, de valência adverbial, e recebe prótese preposicional: a trouxe-mouxe. Na nossa língua, que eu saiba, não há trouxe nem há mouxe como designações de coisas. Eu sabia que a locução significava algo como “de modo desordenado”, mas não conhecia a sua origem. Agora já sei que tem origem em lenhadores (parece que espanhóis: a troche y moche) despreocupados com as questões ambientais, que cortavam as árvores à machadada, à esquerda e à direita, desordenadamente, sem pensarem um segundo na perpetuação da espécie. Mochar para mutilar. Trochar, de trozar, para fazer em destroços. E pronto, lá fui obrigado a aprender para voltar a ensinar. Isto de aprender tem que se lhe diga...
1 comentário:
Ahahahaha!!!! Quase de chorar a rir! Cá para mim, a língua não é verdadeiramente traiçoeira mas está verdadeiramente sujeita a traições.
Enviar um comentário