Um dia li Oswald Ducrot. Aprendi com ele que, quando usamos determinado tipo de verbos, ao dizer estamos já fazendo. Não é o povo que diz que prometer é favor? Pois, quem promete, já prometeu. Se cumpre ou não, isso é outro problema.
Com Ducrot aprendi também a pensar sobre argumentação e questionação. O que me intriga na questionação é o seu carácter "impositivo", talvez melhor, "ditatorial". Porque os outros assumem sempre que somos obrigados a responder a todas as perguntas, e a verdade é que não somos. Poderão os outros dizer que, se não queremos responder, é porque queremos esconder. O que não é verdade universal. Eu posso não querer responder porque me apetece não responder, e ponto final. Também posso assumir que não respondo porque a resposta leva em si algo da minha intimidade, e ela é, evidentemente, minha.
Acho, aliás, grande indelicadeza fazer certas perguntas, principalmente quando adivinho as respostas. Não acho justo pôr na corda bamba uma pessoa que, por uma ou outra razão, não quer responder. Poderão alguns sorrir da face corada dos outros, mas tal sorriso será sempre emocionalmente sobranceiro. Portanto, não faço certas perguntas. Acho mais justo esperar por alguma informação que me esclareça. Porque, quando alguém quer dizer, diz. E ao dizer, faz.