segunda-feira, janeiro 26

QUANDO DIZER É FAZER
Um dia li Oswald Ducrot. Aprendi com ele que, quando usamos determinado tipo de verbos, ao dizer estamos já fazendo. Não é o povo que diz que prometer é favor? Pois, quem promete, já prometeu. Se cumpre ou não, isso é outro problema.
Com Ducrot aprendi também a pensar sobre argumentação e questionação. O que me intriga na questionação é o seu carácter "impositivo", talvez melhor, "ditatorial". Porque os outros assumem sempre que somos obrigados a responder a todas as perguntas, e a verdade é que não somos. Poderão os outros dizer que, se não queremos responder, é porque queremos esconder. O que não é verdade universal. Eu posso não querer responder porque me apetece não responder, e ponto final. Também posso assumir que não respondo porque a resposta leva em si algo da minha intimidade, e ela é, evidentemente, minha.
Acho, aliás, grande indelicadeza fazer certas perguntas, principalmente quando adivinho as respostas. Não acho justo pôr na corda bamba uma pessoa que, por uma ou outra razão, não quer responder. Poderão alguns sorrir da face corada dos outros, mas tal sorriso será sempre emocionalmente sobranceiro. Portanto, não faço certas perguntas. Acho mais justo esperar por alguma informação que me esclareça. Porque, quando alguém quer dizer, diz. E ao dizer, faz.

domingo, janeiro 25

É QUASE MEIA-NOITE.
É quase meia-noite, é hora de fazer o quê? Dizem que é a hora dos amantes. Vinte e quatro ou zero? O amor começa quando? No zero? Ou no vinte e quatro? Parecendo a mesma coisa, não o é. Porque o zero tende para menos infinito. E amor é mais. Por isso os amantes começam no zero. Ou no vinte e quatro. Tudo depende da extensão do amor. Esperem aí: vou ali buscar o metro.

quinta-feira, janeiro 22

Kekakitá

Palavra quimbunda? Não, não é. É qualquer coisa que ouvi em português, e que a Rosinha, menina esperta e bem rosadinha, também ouviu. Ouviu e, milagre dos milagres, compreendeu. Terá compreendido um significado? Vários significados? Ou terá identificado um sentido? Terá ouvido um som, um significante, ou terá processado a uma velocidade supersónica um somatório de sons? Terá ouvido uma palavra ou uma frase?
Perguntara-lhe a Diana, apontando para uma imagem de Alice no País das Maravilhas:
- Kekatitá?
E a Rosinha, sorrindo, respondeu como uma luz de foguete:
- Tá uma casinha.
Quem ensinou estas coisas à Rosinha? Que gramáticas terá lido? Mas ela só tem seis anos…
QUOD EST FELICITAS?

Continua a chover lá fora.
Obama não mudou o tempo, embora pareça ter mudado muitos corações. Será ele o tal? As bolsas têm dito que não…A ver vamos.
Neste cantinho sagrado, cumpramos a nossa missão: olhemos a vida com olhos abertos, respiremos o cheiro da água e lutemos pela felicidade possível. Sed quod est felicitas? Como diria o filósofo, ergo felicitas magus consistit in actu voluntatis quam in actu intellectus. Do que duvido. Vou pensar melhor nisso: talvez a resposta esteja ao virar da esquina.

segunda-feira, janeiro 19

CHOVE LÁ FORA, ESTÁ FRIO

Chove lá fora, está frio.
Apetecia-me escrever sobre o amor. Às vezes vejo-o nas nuvens, em fios de algodão ou em formas de tigre. Mas hoje o céu está cinzento e o algodão desfez-se em lágrimas.
Portanto, não vou falar de amor.
Mas, mesmo que pudesse, de que valeria, se não o sentisse?
Porque, para amar, são precisos dois.
Ou basta um?

Foto: MaddieCarter95, photobucket

segunda-feira, janeiro 12

Ai estes árbitros…

Ontem vi o meu Braga jogar contra o Benfica. E jogou bem. Vi uma arbitragem horrorosa, inexplicável, só possível num sistema desportivo governado ao milímetro por quem pode. Aquele golo em fora-de-jogo, aquela grande penalidade, aquela entrada a matar do Luisão… Este árbitro vai continuar a apitar? Se sim, boa vai ela, como diz um meu conterrâneo.