domingo, outubro 26

NÃO TENHO ALTERNATIVA

Dizem que fazemos a vida, que decidimos sobre ela, que ela é exactamente o que desenhamos nos nossos sonhos mais belos. Talvez seja assim. Talvez alguém consiga construir o castelo do sonho e nele viver eternamente. Não sendo cartesiano, sou no entanto céptico. Que vida “fez” o felizardo do euromilhões? Fê-la até aqui, até ao momento da sorte. Vai continuar a fazê-la? Ou vai deixar-se guiar por ela? Nós fazemos a nossa vida, mas a vida também teima em nos fazer. Dizer, portanto, “eu faço e pronto!” não significa nada sem a assunção do devir. Porque o devir pode ser trágico, quando não cómico. Há, porém, alternativa ao amor? Se eu amo, posso dizer “ Não posso ficar contigo, não tenho alternativa”? Que alternativa é mais importante do que o amor? Os poetas laceram corações quando nos falam desse sentimento que nos explode. E nós choramo-lo. É a dor.

4 comentários:

Anónimo disse...

O amor é lindo e dói. Por isso´"é ferida que dói e não se sente". Quanto ao euromilhões, bem que me podia ter saído a mim. Mas, não se pode ter tudo!
Um abraço.

Anónimo disse...

Será possível amar profundamente uma pessoa e sentir ao mesmo tempo que não pode continuar a vida a seu lado?

Anónimo disse...

Realmente a vida não é comandada por nós, mas é ela que nos comanda... Pois se bastasse apenas o nosso querer, todos os nossos sonhos se realizariam.... e depois? o que restaria para nós realizarmos, para nós sonharmos? da mesma maneira que a felicidade é uma ilusão (pois estar feliz, a meu ver, significa que nada na nossa vida estaria errado e nunca, em momento algum isso é possivel), a sensação ou a crença que comandamos a nossa vida também o é. aliás, todo o sofrimento inerente ao ser humano, pois todos sofremos com algo, provém exactamente da frustração de nada controlarmos na vida. a partir do momento em que nos consciencializamos que, apesar de termos o poder de decisão em alguns momentos da nossa vida, esta não se deixa controlar, seguindo meandros por vezes incompreendidos, então toda a nossa frustração e raiva atenuará, e poderemos então compreender que a vida se encarregará de nos fazer o menos infeliz possível. por vezes a raiva é k nos entordoa os sentidos e nos deixa presos ao passado e ao futuro... mas nunca ao presente. a questão não é, pois, o que queremos da vida, mas o que a vida quer de nós. O ontem é história, o amanhã é uma incógnita mas hoje é uma dádiva. por isso é que se chama presente.

Eu mesma... disse...

peço desculpa mas por lapso meu não me indentifiquei na mensagem anterior.
Atenciosamente.
Ana Silva