quarta-feira, janeiro 30

AS VELHAS ÁRVORES

Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .

O homem, a fera e o insecto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .

Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Olavo Bilac

1 comentário:

Anónimo disse...

Credo,que pertinência...numa fase em que olho mais para o que passou do que para o que pode vir a passar-se (compreende-se: não vou fixar os meus olhos no vazio incógnito...), este poema vem colocar a tónica num daqueles lugares-comuns muito vulgares: "vive o presente" ou "envelhece com naturalidade". Que remédio! Se o passado é irreversível, o presente uma percepção e o futuro uma construção...