quarta-feira, janeiro 17

O ESPÍRITO E A ALMA

A Cláudia hoje levou um texto do Eugène Delacroix. Falava do espírito e da alma como coisas distintas no ser humano. Que, portanto, temos corpo, e espírito, e ainda alma. Nunca tinha pensado nesta tríade; aliás, nas minhas divagações mais ou menos filosóficas, a mente sobreleva o corpo, e há muito que coloquei na estante essa diferença consubstanciada em palavras tão irreais, tão indefiníveis, como espírito ou alma.Lembro-me do Óscar Wilde problematizar a órbita da alma: nunca o entendi muito bem.Lembro-me também do Lars Gustaffson e da sua alma esférica: também não percebi niente. Aceitando, no entanto, que o riso é, como diria Dostoievski, o melhor indicador de um certo estado de alma ( outros dirão estado de espírito), então vamos rindo, ou antes, sorrindo das palavras e mergulhando nelas.
Para tirar dúvidas, vou ao dicionário. Todavia, também tu Catilina, apenas me diz, entre milhões de explicações, que a alma é a parte imaterial do homem, o que também é o espírito.Se sou fraco de espírito, sou fraco de alma? O meu estado de espírito actual é diferente do meu estado de alma? Ter grandeza de espírito é ter grandeza de alma? Delacroix deve ter razão, o espírito projecta-se da mente, a alma do coração. Ou é ao contrário? O que sei é que estou de alma e coração com a minha gente, como se o coração fosse apenas corpo, a parte material, a parte não simbólica da coisa. Deve ser por isso que o sinto pingue-pingue, rotinho de todo, quando me dói a alma. Porque o espírito, esse, parece-me já de grande contradição. Eu sou um paz de alma e a minha alma anda muito errante... Mas obrigado, Cláudia, por me obrigares a pensar.

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