O PUTO E A FACA
Não mede mais de metro e meio. É pequenino, cabelo encaracolado, olhos de raposa atenta. Passou por nós de pasta às costas, sorriu para o meu filho. Achei-o engraçado, na sua pose frágil. Sabes quem é, perguntou o meu filho. É neto de fulana, que mora ali ao lado. Ah, conheço. Sabes a melhor dele? E diz-me que o puto tinha levado uma faca para a escola. Uma faca, estarreci. Uma faca? Para a escola? Porquê? E lá me explicou. Que andavam lá uns patifórios a roubar-lhe o lanche todos os dias, a humilhá-lo. Fizera queixa aos professores, ao Conselho Directivo, e ninguém lhe ligara. Então, forte, decidiu levar uma faca. Mostrou-a, decidido, aos patifórios. Nunca mais lhe roubaram nada.
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