Dizia já o meu avô que há dias de
manhã em que de tarde não se deve sair à noite.
Eu nem queria acreditar nessa coisa de sorte ou azar, mas há momentos em
que desconfio. Acredito que entre a sorte e o azar se encontra algures a média.
Quando os tempos são muito bons, achamos tudo excelente, a vida corre bem, não
há pedras no caminho. O problema é quando escurece, quando chovem cães e gatos
na nossa humilde vidinha. Aí, lembramo-nos do azar. Mas não, acredito que sejam
acasos negativos concentrados, coincidências, que equilibram a balança do nosso
dote universal. Hoje fiquei na média. É justo.
quinta-feira, outubro 9
quarta-feira, outubro 8
MÃE
Procuramos uma rima e não se
encontra. Perguntamo-nos porquê e não conseguimos explicação. Depois pomos um
dedo na testa, à guisa de pensador profundo, e eureka. Para um singular
absolutamente único, uma palavra única, a palavra “mãe”. Nada rima com mãe a
não ser os seus compostos. E tem de ser assim, porque é assim no universo. A
minha mãe. Hoje dei-lhe um beijo. Dou-lhe sempre um beijo, mesmo quando não
estou com ela. E um abraço. Estou sempre abraçado a ti, minha mãe.
terça-feira, outubro 7
IMPLOSÃO
Pode parecer impoética, mas a definição dada pelo dicionarista,
adaptada à presente circunstância, é irrebatível: desaparecimento de um ou
vários ministérios atrás do horizonte dos fenómenos do espaço-tempo, originando
um enormíssimo buraco negro. Falta saber se do buraco negro não tossirão
enormes estilhaços… Só se espera que sejam muito bem dirigidos, e que atinjam
apenas quem voa na passarola.
segunda-feira, outubro 6
O MUNDO
Olha à tua volta, como vês o mundo? Num lado, decapitam em nome de deus. Pensa-se talvez em reinventar um mundo num lago de sangue… Na Europa, divide-se e empobrece-se para reinar: os sapos incham, o pobre apenas emagrece. Por cá, o caos caminha a passos de bom gigante: nem educação, nem saúde, nem justiça. Apenas a miserável sensação de que nascemos nada, nada somos e nem em pó seremos transformados.
Olha à tua volta, como vês o mundo? Num lado, decapitam em nome de deus. Pensa-se talvez em reinventar um mundo num lago de sangue… Na Europa, divide-se e empobrece-se para reinar: os sapos incham, o pobre apenas emagrece. Por cá, o caos caminha a passos de bom gigante: nem educação, nem saúde, nem justiça. Apenas a miserável sensação de que nascemos nada, nada somos e nem em pó seremos transformados.
domingo, outubro 5
RESTAURANTE "NOVA VILA" - CELORICO DE BASTO
Hoje fui até Celorico de Basto, terra de muitas belezas naturais (Barroso, Marão…) e de boa gente. À hora do almoço, dei algumas voltas pelo centro da vila, na busca sempre lancinante de um bom restaurante. Ali pela zona do parque de campismo, na Rua Rodrigo Sousa e Castro, lá estava um. Espreitei. Era simples, mas tinha boa freguesia. Entrei. Fui convidado a sentar-me por uma menina muito simpática que me sugeriu “um cabritinho muito bom”, “um bacalhau que demoraria uns bons minutos a confecionar” e “uma vitela assada no forno muito boa e saborosa”. Escolhi a vitela e um vinho maduro, produzido na Adega de Freixo de Espada à Cinta, que me deixou estupefacto, pela força e maciez do seu sabor: Montes Ermos, de seu nome, garrafa pequena de tinto, colheita de 2013. A vitela, assada no ponto absolutamente correto, sentia-a divinal. Ajudaram uns bolinhos de bacalhau, de entrada, uma suculenta salada mista, uma salada de fruta e um café. A conta? Pois, a conta deixou-me de boca aberta, dada a qualidade geral do repasto e da pinga: 11 euros. Prometi à menina que daria publicamente os parabéns ao António Sousa, proprietário da casa. Estão dados! Quando voltar a Celorico, lá estarei de novo no Nova Vila!
Hoje fui até Celorico de Basto, terra de muitas belezas naturais (Barroso, Marão…) e de boa gente. À hora do almoço, dei algumas voltas pelo centro da vila, na busca sempre lancinante de um bom restaurante. Ali pela zona do parque de campismo, na Rua Rodrigo Sousa e Castro, lá estava um. Espreitei. Era simples, mas tinha boa freguesia. Entrei. Fui convidado a sentar-me por uma menina muito simpática que me sugeriu “um cabritinho muito bom”, “um bacalhau que demoraria uns bons minutos a confecionar” e “uma vitela assada no forno muito boa e saborosa”. Escolhi a vitela e um vinho maduro, produzido na Adega de Freixo de Espada à Cinta, que me deixou estupefacto, pela força e maciez do seu sabor: Montes Ermos, de seu nome, garrafa pequena de tinto, colheita de 2013. A vitela, assada no ponto absolutamente correto, sentia-a divinal. Ajudaram uns bolinhos de bacalhau, de entrada, uma suculenta salada mista, uma salada de fruta e um café. A conta? Pois, a conta deixou-me de boca aberta, dada a qualidade geral do repasto e da pinga: 11 euros. Prometi à menina que daria publicamente os parabéns ao António Sousa, proprietário da casa. Estão dados! Quando voltar a Celorico, lá estarei de novo no Nova Vila!
Restaurante Nova Vila
Rua Rodrigo Sousa e Castro
4890 Gémeos, Celorico de Basto
sábado, outubro 4
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
Releio as “Poesias”, de Mário de Sá-Carneiro, numa edição do Círculo de Leitores, 1979. Antes disso, retomo o extraordinário “Estudo Crítico” de João Gaspar Simões, que lhe serve de prefácio. Para quem quer compreender melhor as relações entre o mundo e o poeta que figuradamente lhe dá corpo, este estudo é único e exemplar. E ficamos a saber muito mais sobre a personalidade dividida de Mário de Sá-Carneiro.
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