segunda-feira, março 11

BLAISE PASCAL
 
Estou a reler os “Pensamentos”, de Blaise Pascal. O apriorismo das suas ideias seduz-me, obriga-me a pensar. Pascal conseguia dizer em poucas palavras a essência do mundo, e dizia-o, muitas vezes, de forma paradoxal. Gosto, por exemplo, de sentir-me povo, e de ter consciência da minha ignorância natural. Porque somos governados pelos do “meio”? Disse ele que:
 
O povo julga bem as coisas, porque está na ignorância natural, que é o verdadeiro lugar do homem. A ciência tem duas extremidades que se tocam. A primeira é a pura ignorância natural, na qual se encontram todos os homens ao nascer. A outra extremidade é aquela a que chegam as grandes almas que, tendo percorrido tudo quanto os homens podem saber, acham que nada sabem e voltam a encontrar-se nessa mesma ignorância da qual tinham partido; mas é uma ignorância sábia que se conhece. Os do meio, que saíram dessa ignorância natural e não puderam chegar à outra, têm umas pinceladas dessa ciência suficiente, e armam-se em entendidos. Esses perturbam o mundo e julgam mal de tudo. O povo e os verdadeiramente sábios compõem a ordem do mundo; estes desprezam-na e são desprezados.
 
 

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