segunda-feira, fevereiro 7

PRAZERES...

Não sei bem porquê, mas sinto atracção pelos rios. Talvez pelo contraste com a terra, pela frescura e tranquilidade, pelo grasnar dos patos em devaneios ao longe. Por isso, sempre que posso, visito as águas límpidas do Cávado. Ontem, por exemplo, fiz uma grande descoberta: ali pelos lados de Merelim, mais propriamente em S. Paio, há uma via pedestre paralela ao rio, tranquila e verde, com o casario baixo lá ao longe. Andei por lá, peripatético sob o arvoredo, aprofundando ideias sobre a vida e sobre as coisas, ora pressentindo na nevralgia das ondas aquilo que é eterno, imutável e incorruptível, ora isolando-me, à maneira estóica, da tragédia quotidiana da vida, tentando, sábio, fundir-me com a racionalidade simples da singela natureza. Dei por mim, de livro na mão, a achar-me epicurista, ou, talvez melhor, hedonista. Porque se o prazer é o supremo bem da vida humana, a leitura de um livro realizada em paz ao longo de um rio calmo confirmou-o plenamente. Há muito que não me sentia tão simples, tão calmo, tão em paz comigo próprio. Experimentem e passem por lá. Talvez oiçam, como eu, o coaxar sinfónico das rãs...

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