domingo, outubro 26

NÃO TENHO ALTERNATIVA

Dizem que fazemos a vida, que decidimos sobre ela, que ela é exactamente o que desenhamos nos nossos sonhos mais belos. Talvez seja assim. Talvez alguém consiga construir o castelo do sonho e nele viver eternamente. Não sendo cartesiano, sou no entanto céptico. Que vida “fez” o felizardo do euromilhões? Fê-la até aqui, até ao momento da sorte. Vai continuar a fazê-la? Ou vai deixar-se guiar por ela? Nós fazemos a nossa vida, mas a vida também teima em nos fazer. Dizer, portanto, “eu faço e pronto!” não significa nada sem a assunção do devir. Porque o devir pode ser trágico, quando não cómico. Há, porém, alternativa ao amor? Se eu amo, posso dizer “ Não posso ficar contigo, não tenho alternativa”? Que alternativa é mais importante do que o amor? Os poetas laceram corações quando nos falam desse sentimento que nos explode. E nós choramo-lo. É a dor.

quarta-feira, outubro 15

A CRISE

Como diria o Agostinho, isto é que vai uma crise...O mundo em crise, Portugal em crise, eu em crise?Interessante... Escrevo a palavra, soletro-a e acho-a bonita: "crise", "crise", "crise"... Tem uma sonoridade engraçada, faz-me lembrar os grilos da minha infância... As palavras são assim, bonitas ou feias, quer dizer, elas não têm nenhuma culpa de ser feias... "cri...cri...cri...", isto num poema resultava bem... Como diz alguém naquela imagem batida, que a luz apareça no fundo do túnel. Porque este som grilático, sendo lindo, já me fere a carteira.

sexta-feira, outubro 3

POLÍTICA E ÉTICA

Há momentos na nossa vida em que temos de pensar mais profundamente, em que temos de decidir de forma “política”. Pessoalmente, sempre valorizei mais os actos do que as palavras. Estas são muito bonitas na boca de quem bem fala, ou na pena de quem escreve. A realidade, porém, encarrega-se de nos abrir os olhos, de nos esclarecer, de nos dizer que as palavras podem ser a mentira das acções.

Em política, tenho disto a minha dose. António Guterres, por exemplo, fala muito bem, falava maviosamente quando foi ministro, mas fugiu à primeira dificuldade. Nele votei, mas nunca mais votaria, na hipótese peregrina de que retornasse. Durão Barroso também fala muito bem. Mavioso que se farta. Fugiu de rabo queimado entre as pernas. Alguns dirão que traiu. Nele também não votaria, se entretanto retornasse.

Na política, a ética é basilar. Na minha opinião, nem Guterres nem Barroso foram éticos.

Por isso, sem ser da sua cor partidária, admiro Marques Mendes. E admiro-o porque, em variados momentos, sacrificou algo da sua vida, da sua carreira política, por causa do seu posicionamento ético. Todos se lembram do código de ética por si imposto, código que afastou vários “políticos” de cargos importantes para o PSD. Talvez alguns digam que exagerou, que o partido não ganhou nada com isso. Mentira! Ganhou pelo menos um admirador que sou eu. No Marques Mendes eu passei a confiar. Quem sabe um dia destes voto nele?